1.9.11

A dificuldade de poupar é histórica

A gente sabe que não pode gastar mais do que ganha, mas vive tentando espichar o salário. Sabemos que dívidas implicam pagamento de juros, que o Brasil é recordista mundial na categoria e que juros pagos diminuem nosso poder aquisitivo. Mas seguimos fazendo dívida atrás de dívida.

A gente bem sabe que, para realizar grandes sonhos de consumo, o melhor é poupar, investir e depois comprar à vista e com bons descontos, pagando bem mais barato e levando para casa o produto já quitado. Mas... no dia a dia acabamos fazendo tudo diferente.

Por que a gente é assim? Minha experiência de duas décadas como planejador financeiro pessoal me indica três principais motivos: gostamos do que é bom; somos capazes de tomar decisões inteligentes e positivas; mas abandonamos o bom hábito de fazer contas e estamos cada vez mais cegos para o que realmente acontece dentro do nosso bolso.

Lembro-me de um quadro do programa Domingo no Parque. No centro do palco ficava uma cabine fechada em forma de foguete, onde entrava uma só criança. Em volta, maravilhosos brinquedos — bicicletas, patins, jogos —, mas também bugigangas sem valor, como vassouras quebradas e sapatos furados. Começava a brincadeira: do lado de fora, o apresentador Silvio Santos fazia à criança propostas do tipo: "Você quer trocar esta bicicleta nova por um tênis velho, quer?" A criança não sabia o que se passava lá fora, apenas era instruída a dizer "sim" ou "não" quando acendesse a luz vermelha.

 Dizemos "sim" para qualquer proposta de compra de produtos que nos oferecem

A luz piscava e era só "sim" atrás de "sim" — raramente um "não". Muitas vezes o pequeno saía de lá e descobria que havia levado, afinal, um tênis velho. Uma amiga psicóloga me explicou: antes de entrar, a criança focava sua atenção só nos brinquedos — coisas boas! — e cada esperançoso "sim" mirava inconscientemente neles. Mas, como não enxergava, fazia más escolhas.

Como consumidores, muitas vezes nos portamos assim: vamos dizendo "sim" a qualquer proposta de compra que nos apresentam, como se precisássemos mesmo de tudo aquilo para sermos felizes. E, para completar, também dizemos "sim" a qualquer crédito que nos seja ofertado.

O problema: não fazemos contas antes, e assim não enxergamos o real impacto de nossas decisões sobre o bolso. E depois ainda ficamos indignados: por que a gente trabalha tanto e só consegue sair dessa com um tênis velho?!
FONTE: VOCESA (Marcos Silvestre é autor de 12 Meses para Enriquecer - O Plano da Virada (Ed. Lua de Papel), economista, educador e planejador financeiro.
http://vocesa.abril.com.br/organize-suas-financas/materia/especial-organize-suas-financas-descanso-artigo-gente-assim-637515.shtml

E eu (Autor deste blog), acrescento: Os pais e as escolas tem a obrigação de conversar sobre dinheiro e ensina matemática fianceira aos filhos desde de pequeno. (Eu ensino a minha filha desde dos seus 04 anos, hoje ela tem 12 anos, e ainda está em treinamento).

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